FLOPS
NAS CRÔNICAS LIGEIRAS
DE BETO STODIECK
As grandes mudanças na paisagem, na população e nas representações sociais da capital catarinense na década de 1970, tendo como fio condutor um personagem muito especial: o jornalista Beto Stodieck. Em “Flops”, o leitor mergulhará nessa história a partir do texto cativante do colunista, com suas crônicas ligeiras, inteligentes e irreverentes.
Beto foi observador especial da cidade num contexto de crescimento e urbanização, por isso, ao pesquisar sua trajetória e seus escritos, compreendemos a dinâmica de circulação de bens simbólicos e a formação de imaginário numa cidade em intensa transformação.
Um livro imperdível para quem se interessa pela história da cidade e deseja conhecer o importante período dos anos 70 do século XX, cujas profundas transformações ainda repercutem no cotidiano de Florianópolis.
"The Dream is Over"
Beto Stodieck. 07/02/1974.
"Sonhei que o mar subiu muito e caiu um vento sul daqueles de rodopiar papel mais alto que a catedral; e apareceu uma nuvem muito escura sobre a cidade que despejou sobre a terra muita água e muitos raios.
O vento zuniu a noite inteirinha e quando era de manhã cedo, as pessoas notaram que as casas e as ruas estavam branquinhas de areia, uma areia muito fina como as dunas da Lagoa.
Os carros nem se atreveram a sair nas ruas porque todo mundo sabe que eles atolam na areia. Eu saí de casa descalço e fui pisando aquela areia toda até o centro da cidade passando pelas ruas branquinhas, lindas, branquinhas.
E cheguei na praça quinze que estava vazia de carros e de barulho. Ainda era cedinho, mas o sol já ia alto e quente. Foi quando vi uma porção de gente no Miramar e muitos até tomando banho, outros só olhando, outros sentados em mesinhas bebendo cerveja, beliscando salgadinhos, tudo gente conhecida de agora e de outros tempos, todo mundo muito contente que o mar tinha voltado.
Aí o telefone tocou".
Jornalista
Autora de “É tudo mentira. A história segundo Beto Stodieck”.
“No livro do nosso históriador está a transformação da cidade sob os pontos de vista sociológico e antropológico. São listados uma mudança de identidade por parte da juventude da classe média local, a “turma do kioski”, as Fofas, o Studio A/2, os personagens que circulam pela Felipe Schmidt e personalidades como Esperidião Amin, ou o Dão, como Beto o chamava. Jefferson não esqueceu do crescimento desordenado de Florianópolis, sua verticalização, dos políticos em geral e da política cultural (ou a falta dela). Anotou que Beto percebeu a cidade saindo do casulo sem agradar, exceto quanto aos serviços, que se aprimoraram”.
Jornalista
"Uma Ilha que imaginava 'nossa Manhattan', com teatros, cinemas, galerias, shows, com a preservação de sua cultura e dos seus patrimônios, com acesso às inúmeras praias para a prática do surf, esporte que se instituiu entre a juventude dourada e colorida da Era de Aquário, voltada à natureza e às coisas belas da vida... Assim sonhava Beto, assim inspirava seus leitores.
E assim como bela foi sua vida, seus amores, suas amizades e sua profissão deixando alguns discípulos desse “colunismo sociológico”, como gostava de intitular o que diariamente fazia com paixão e profissionalismo. O que, naturalmente, vocês lerão a seguir nesse histórico livro sobre Beto colunista Stodieck em páginas esmiuçadamente compiladas com propriedade pelo autor. Boa leitura...
E verão que Beto ainda vive! Mesmo com sua morte precoce no dia 6 de agosto de 1990".